Bruxelas: Botafogo de Futebol e Regatas


Sábado, 14 de Setembro de 2013

Planejamos nossa passagem por Bruxelas como uma parada rápida entre Paris e Amsterdã. Chegaríamos pela manhã, passaríamos o dia, e seguiríamos para a Holanda no dia seguinte.

Assim, logo depois de dar entrada e deixar as bagagens no hotel, saímos para passear pela cidade.

A região de Stalingrado, onde nos hospedamos, era central e muito movimentada. Haviam diversos restaurantes, dezenas de lojas de bebidas (que vendiam principalmente cervejas) e uma miríade de chocolaterias.

Alguns dos prédios tinham as paredes adornadas com interessantes murais temáticos.


Foto: Mural em uma cervejaria de Bruxelas.


Foto: Mural em uma loja de fogos de artifícios em Bruxelas.


Bastou uma caminhada curta para chegarmos ao Manneken Pis, que talvez seja o ponto turístico mais famoso de Bruxelas. A pequena estátua é um patrimônio histórico e cultural da cidade, que há séculos intriga e atrai visitantes.


Foto: Aglomeração ao redor da estátua do Manneken Pis.


Foto: A Rue de l'Etuve, onde fica o Manneken Pis.


Mas o que ela tem a ver com o time de futebol carioca, título desta postagem?

Para um torcedor mais antigo do Botafogo, e provavelmente hoje em dia a maioria de seus torcedores sejam "mais antigos", é impossível não lembrar do time ao se deparar com a figura do menino fazendo xixi.


Captura de tela: O Manequinho do Botafogo nos arredores da sede de General Severiano.
Créditos: Google Street View


Ocorre que, no começo do séc. XX, a pitoresca estátua belga serviu de inspiração para o artista Belmiro de Almeida produzir sua versão da obra, que quando ficou pronta não demorou a receber o apelido de Manequinho.

Conta a história que, certa vez, a escultura do Manequinho foi vestida com uma camisa do Botafogo em comemoração à conquista do Campeonato Carioca, alegoria que a teria tornado um dos mascotes do clube.

Entre idas e vindas, a versão brasileira chegou a ser roubada e a sofrer mutilações, até que em 1994 passou a habitar os arredores da "General Severiano", como é conhecida a sede social do Botafogo de Futebol e Regatas.

Desde então é mantida e preservada pelo próprio clube.


Foto: Movimentação do sábado de manhã para ver o Manneken Pis.


E que importância teria um time carioca na vida de um cidadão catarinense?

Tudo teve início com meu pai, o sr. Miguel Fermino de Borba, que nasceu em 1949 em Lauro Müller, cidade ao sul de Santa Catarina e bem longe do Rio de Janeiro. Mas a distância, e mesmo ser de outro estado, é um fator que até hoje não intimida os torcedores de futebol, muito menos naquela época em que os times e campeonatos locais eram ainda mais inexpressivos.

E o seu Miguel era torcedor do Botafogo. É bem verdade que também era fã do Grêmio de Porto Alegre. E se era para torcer para um time de São Paulo, por vezes escolhia o Santos. Se me lembro bem, torcia um pouco até para o Cruzeiro de Minas Gerais.

Ele conseguia levar isso na boa e torcia para um "time grande" em cada estado brasileiro que possuía times "realmente" grandes nos anos 60 e 70. Mas gostava mesmo, mesmo, era de dois deles: do Botafogo e do Grêmio. Basicamente nasci e fui criado como torcedor de ambos e tenho fotos bem novinho vestindo os dois uniformes.

Então o pai não pode ser considerado o único culpado, já que me deu opções. Fui eu que, em determinado momento da vida, desenvolvi um maior apreço pela austeridade denotada pela camisa em preto e branco e pela elegância minimalista do escudo com a estrela solitária, optando definitivamente pelo Botafogo.

Uma "trivialidade interessante" é que quando o Botafogo iniciou a campanha em que foi considerado campeão brasileiro pela primeira vez, em 1968, o jovem Miguel tinha 19 anos. E quando foi campeão pela segunda vez, em 1995, eu tinha 19 anos. Estes títulos, consequências das boas fases do clube durante nossas juventudes, talvez tenham sido o que ajudou a consolidar nossa paixão pelo "Glorioso".


Fotos: Desde criancinha.
Créditos: Fotos de família, quase todas tiradas por Miguel Fermino de Borba.


Hoje em dia até gosto de futebol, mas estou longe de ser fanático. Diferente de quando era criança, eu não tinha uma camisa do Botafogo à época da viagem. Assim, pedi ao pai que me emprestasse uma camisa sua para que a vestisse ao tirar uma foto com o "Manequinho de Bruxelas".


Foto: Missão cumprida, com a camisa do seu Miguel.


Em Bruxelas, o Manneken Pis é constantemente vestido com roupas que remetem a datas comemorativas, personagens históricos e folclóricos, e vestes patrocinadas.


Foto: A fonte do Manneken Pis.


Naquele dia, ele estava fantasiado de "Escudeiro da Ordem da Pulga", que era uma associação de ex-estudantes de Ciências da Computação, segundo o site oficial do guarda-roupas do monumento.


Foto: O Manneken vestido de Squire of the Order of the Flea.


A inspiração do Manequinho do Botafogo foi originalmente concebida por Jérôme Duquesnoy no séc. XVII, e também tem uma história de roubos e vandalismo, passando por situações de guerra e sendo despedaçada e restaurada por diversas vezes.


Foto: O incontinente Manneken Pis de Bruxelas.


Atualmente discute-se a originalidade da peça, e sua última versão está guardada no Museu da Cidade de Bruxelas. A estátua do guri fazendo um xixi eterno, que todos observavam na esquina da L'Etuve com a Du Chêne, era na verdade uma réplica da estátua que talvez seja a original.


Para Saber Mais



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Todas as fotos e vídeos, exceto quando creditados, foram registrados por Herbert Mattei de Borba e Luciana Martins durante a viagem relatada.
O objetivo desta publicação é resgatar e preservar as memórias dessa viagem. E outras memórias também: este aqui é em homenagem ao meu querido pai, falecido em 16 de agosto de 2020.
Publicado pela primeira vez em 09 de Março de 2021
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